2006-11-30

O aumento da força da esquerda na América Latina, com a eleição de Correa no Equador, me faz pensar muitas coisas. Uma delas é que existem, pelo menos, duas versões de esuqerda por aqui: a de Chavez, Correa e Morales, mais revolucionários, e, de outro lado, a de Bachelet e Lula.

Acho essa divisão muito natural. Por mais que a coisa não ande boa nem por aqui nem no sul dos Andes, ela é melhor que no norte, que já foi muito rico na época da chegada dos espanhóis. Além disso, os movimentos principalmente indígenas de lá, ao longo da história, tem contestado a hegemonia dos "invasores", seja com o Sendero Luminoso ou com as FARC, só para citar os mais conhecidos. É um território de povo muito sofrido, onde a classe média é escassa, tendo diferenças sociais maiores que o Brasil. Isso justifica a inexistência de partidos menos extremistas: ou os ricaços, ou os pobretões. De tempos em tempos os últimos vencem; mas como o mundo dá voltas, a moda agora não é mais a ditadura, e os xerifes do mundo estão de olho no Oriente Médio, o que dá uma certa "vaga de autonomia" para esses países.

De certa forma, creio que a vitória da esquerda mais emblemática dos últimos tempos foi justamente a de Lula, no Brasil. O chile teve um retorno ao governo que não ocorria desde 71, com a eleição de Salvador Allende. O mais perto que um presidente brasileiro chegou da esquerda foi o João Goulart, que era trabalhista (PTB) - sem contar a condecoração de Che Guevara promovida pelo Jânio Quadros, lógicamente. Mesmo que o PT tenha assumido uma linha mais liberal, ainda é o partido mais a esquerda - tem orientações socialistas, mesmo que pareça, às vezes, ter se esquecido delas.

Gostaria muito de ver uma união entre essas duas frentes para tentar melhorar a vida dos que tem pouco nesses países. E isso ia ser trabalho para muito tempo. De certa forma, pode-se criar um mercado interno com os produtos que temos aqui, além de procurar parcerias tecnológicas para buscar alternativas aos produtos importados com regionais - até por que a China possui condições parecidas com a nossa "zona tropical", o que pode significar intercâmbios interessantes. Mas isso significa independência, e a "luta contra as drogas" pode ser a próxima em cartaz na Casa Branca, assim que terminar a novela do terrorismo.

Na verdade a eleição dessas esquerdas me faz pensar tantas coisas que dá dor de cabeça. E uma tristeza incomensurável.

ESQUERDAS E A AMÉRICA LATINA
Fiquei curiosíssimo com o aumento brusco de visitas a este site na terça-feira e, ainda mais, com a presença constante de visitantes lincados pelo "forumoff.com". Se alguém pudesse me explicar, ficaria grato.

CURIOSIDADE

2006-11-22

Se existe um assunto que me enerva é essa suposta diferença do gênero masculino e feminino em relação as coisas da vida. Existem várias diferenças biológicas e até sociais (a nível do que se espera de uma mulher ou de um homem, ou seja, pré-conceitos) - mas aí a endossá-las com bobagens é muito complicado. Esse é um dos motivos de eu achar ridículo o que a Martha Medeiros escreve.

Ouvi na televisão, há pouco, uma atriz global contando que (não sei bem se é um roteiro de teatro, cinema ou até um caso verídico - o que não faz diferença nesse caso) uma mulher teria "feito como os homens" e procurado serviços profissionais para sua satisfação sexual. Ela teria utilizado esses serviços por um final de semana inteiro, onde fizeram sexo (óbvio), jantaram juntos, viram televisão, etc. e, encerrando-se o período, ele apresentou a conta - e ela, que já havia pensado que eles estavam namorando, ficou chocada. Mas, como achou que estava apaixonada, decidiu tentar "tirá-lo daquela vida".

Logicamente, até aqui eu também não vi problema nenhum. Inclusive é um tema interessante para uma dramatização justamente por tentar terminar com preconceitos. O que eu considerei ridículo foram comentários do tipo "como toda a mulher que não sabe diferenciar o sexo do amor" e "é interessante como ficam evidentes as diferenças entre homens e mulheres". Se a mulher não sabe diferenciar sexo de amor, os homens só contratam serviços sexuais remunerados de outros homens? Ou é vedado às prostitutas o estatuto de mulher? Os filmes pornográficos são, na realidade, cenas tórridas de amor verdadeiro de uma mulher por três homens ao mesmo tempo? Ou as atrizes de filmes "adultos" também não merecem ser mães?

Definitivamente, existem mulheres (e homens) que ainda vivem num mundo muito romantizado.

À BEIRA, OU MELHOR, TOTALMENTE DENTRO DO RIDÍCULO

2006-11-20

Em tempo: deveriam mudar a frase "organizações defensoras dos direitos humanos" para "organizações defensoras do modelo estadunidense de viver". Direitos humanos teriam a ver com cerceamento de direitos fundamentais (ao meu ver, a vida e a não sofrer maus tratos) que são confundidos, quase sempre, com imprecisões linguísticas como "liberdade", "igualdade", etc. Não querem o respeito mútuo e a boa convivência: querem a padronização mundial do comportamento em torno do modelo do Bush.

PANO PRA MANGA
Ando meio fora do ar devido ao final de semestre na faculdade. Muita pesquisa e um monte de trabalhos para duas semanas. Mas são coisas da vida.

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Num intervalo, no site do terra, encontrei uma reportagem interessante sobre um chinês que foi preso por espalhar a notícia de jovens que estariam sendo drogados no cantão para ter órgãos roubados. Fora os comentários interessantes (a china já tem mais de 130 milhões de internéticos - 10% da população, mais ou menos) e idiotas (que a comissão que controla a internet na china estaria cassando inimigos do regime, como se a CIA não fizesse o mesmo nos estados unidos), o que mais me chamou a atenção é que esse e-mail já rodou o mundo. Recebi já faz uns seis ou sete anos atrás o mesmo, e desde lá, várias outras vezes. Andava meio sumido, é verdade, mas agora parece ter mandado notícias. Ou é um sinal que a mobilização das pessoas levou os traficantes até a china devido a falta de pessoas para serem drogadas.

A internet é, sem dúvida, a sucessora das rádios AM para a disseminação de lendas urbanas. Isso vai dar muita pesquisa para as próximas gerações de historiadores.

MITOS E INTERNET

2006-11-13

Bom, o movimento estudantil. Na realidade, para mim não tem movimento nenhum. Já comentei (procura, tá em algum lugar deste site) que o "último" momento de "força" dos estudantes, o "Fora Collor" foi algo risível. Não existe mais representatividade, é sempre um pequeno grupo que "toca o barco" e todo o resto (oposição) cobra milagres. Do modo com que são "organizados", a falta de critérios e objetivos (principalmente na eleição das prioridades do movimento) impede uma maior articulação e ação destas agremiações. As críticas são as mesmas dos anos setenta, a organização idem. Acho que esse problema é estrutural.

Na UFRGS, o velho sistema de DA's+DCE divide o movimento drasticamente. E como organizar? Não sei, acho que precisamos tentar alternativas. Já sugeri algumas vezes no DA da história (o CHIST) que se tentasse uma eleição representativa, que compusesse uma mesa proporcional entre as chapas envolvidas na eleição. Acho que daria para aproveitar a internet (que, por mais excludente que seja, no âmbito da universidade significa quase acesso universal) para divulgar atas de reuniões, fazer votações, grupos de discussão (organizados minimamente) e considerar a participação direta dos alunos. E preparar, sim, o grupo para edificar orientações sociais e relativas às políticas brasileiras e institucionais (educação, saúde, tecnologia, tudo isso pode ser "socializado" por um movimento organizado e voltado para o bem público).

Pena que tudo isso é só utopia. O que esses grupos querem mesmo é o poder, organizar festas (o que não deixa de ser útil) e matar aula nas semanas de eleição. Tudo em nome da imobilidade.

DESABAFO

2006-11-09

Música do dia, da minha nova banda predileta:

WHAT DIFFERENCE DOES IT MAKE?
The Smiths


All men have secrets and here is mine
So let it be known
We have been through hell and high tide
I can surely rely on you ...
And yet you start to recoil
Heavy words are so lightly thrown
But still I'd leap in front of a flying bullet for you

So, what difference does it make ?
So, what difference does it make ?
It makes none
But now you have gone
And you must be looking very old tonight


The devil will find work for idle hands to do
I stole and I lied, and why ?
Because you asked me to !
But now you make me feel so ashamed
Because I've only got two hands
Well, I'm still fond of you, oh-ho-oh


So, what difference does it make ?
Oh, what difference does it make ?
Oh, it makes none
But now you have gone
And your prejudice won't keep you warm tonight


Oh, the devil will find work for idle hands to do
I stole, and then I lied
Just because you asked me to
But now you know the truth about me
You won't see me anymore
Well, I'm still fond of you, oh-ho-oh


But no more apologies
No more apology
Oh, I'm too tired
I'm so very tired
And I'm feeling very sick and ill today
But I'm still fond of you, oh-ho-oh


Oh, my sacred one ...
Oh ...

2006-11-07

Se existe uma coisa em quantidade neste espaço são erros de português. Esses dias estava fazendo alguns ensaios para colocar em um site, para a UFRGS, e a minha orientadora pegou, facinho, uns dois por página. E para quem lê isso aqui vou dar a mesma desculpa que dei para ela: "eu leio em tantos idiomas além do português - e também a nossa língua arcaica - que acabo esquecendo a grafia correta de algumas palavras".

CARA DE PAU