Entrevista com pessoas aleatórias sobre a sinceridade- Eu sou sincero. Sempre fui. Não minto nunca, doa a quem doer. É questão de caráter, sabe? Poder dormir denoite com a cabeça vazia, bem deitada no travesseiro. Não, isso nunca me prejudicou. As pessoas adoram quem é sincero.
- Sim, sou. Mas nem sempre digo tudo. Se tem coisa que eu posso omitir, omito. Não, acho que não tem problema. Imagina se eu respondo sempre sim quando a minha mulher pergunta se está gorda? Ela nem precisa disso, tadinha. Mas também não chego a ser político. Não minto nunca.
- Não sei. Acho que sim. Não costumo inventar histórias, mas minto quando sei que vou acabar machucando alguém. Acho que não tenho esse direito, sabe? Não acho que mentindo vai ser pior, pois acho que não vão descobrir. Também não sou louco de dizer que falei com o ET de Varginha. Mas onde posso, sempre troco um nome ou dois, desde que tenha um motivo justo. Como é que vou me considerar um mentiroso?
- E quem não é? Eu não conheço alguém que minta de verdade. Não na hora da verdade. Se for numa roda de amigos, tudo bem. Conheço um cara que disse que o irmão dele desmanchou um 3 em 1 e fez dois walkmans. Mas isso é bobagem. Quando o assunto é real, quando vai existir um prejuízo, duvido que alguém consiga mesmo mentir. Não é humano, entende?
- Sim eu minto. E quem não mente? Não, não existe esse negócio de consciência. Acho que isso é o que as pessoas tentam usar para se justificar depois de terem mentido. Tenho um sono de pedra. Na verdade acho que nem coração eu tenho. Não preciso disso. Posso viver bem sozinho.
- Olha, sim... mas não conta pra ninguém. Minha vó não morreu semana passada, nem tive que tirar uma unha no sábado retrasado, dia do treinamento no trabalho. Eu tenho mulher e filho para sustentar, sou obrigado a mentir. Ninguém gosta da verdade, todo mundo gosta de ser enganado. Mas na minha casa, sou sempre sincero. Não, não conto quando saio com os amigos, mas o que tem de mais? Nunca fiz nada. Nada de muito grave.
CONTINUA...