Mesmo um pouco afastado da internet (por culpa de alguns vírus malditos) me mantive vivo olhando (e me revoltando) com as notícias dos telejornais. Me dei conta de uma coisa: o nosso passado não é evidente. Nem, muito menos, os resultados deste passado que permanecem até nossos dias.
Um exemplo bastante simples disso é a discussão ocorrida em ocasião da visita do presidente dos estados unidos ao Brasil. O assunto é o etanol que, nos esteites é feita através do beneficiamento do milho e aqui pela cana. O que mais se dizia era que os dois países eram os maiores produtores mundiais de etanol, sendo que o Brasil era o dono do primeiro posto. E não há viva alma que conteste que é importante que as coisas se mantenham assim, afinal, com a "criminalização" do petróleo, nada mais óbvio que o Brasil seja o novo Emirados Arabes, conseguindo diversos "etadólares" (ou, "etareais", diriam os mais empolgados).
Tenho alguns poréns nesta história, quase todos relacionados com a percepção de tempo de um quase historiador. O primeiro deles é resultado de uma pergunta que ninguém parece preocupado em responder: e quem é que vai ganhar com isso? Desde 1600 são os grandes fazendeiros que possuem as terras para plantar cana. Tu já viu uma cooperativa de plantadores de cana algum dia? Eu só vi bóias-frias, mão de obra miserável que vai continuar crescendo se a ONU fizer vista grossa (e os EUA aceitarem concorrência) com o aumento da produção de álcool. A lavoura de cana é muito mais excludente que a soja, por exemplo. Quem ganha é quem sempre ganhou com isso.
Outro porém é um pouco mais "conspiracionista", mas ainda assim, digno de nota, na minha interpretação. Embora muitos amigos já tenham me dito que é um exageiro, preciso lembrar que, antes do golpe de Fidel, os mais ricos membros da aristocracia cubana eram os fazendeiros de açúcar. Cuba e o Haiti eram os maiores concorrentes do açúcar brasileiro antes de se começar a plantar isso nas colônias portuguesas na África. O milho estadunidense não é tão rentável quanto a cana brasileira, o que me faz não descartar a possibilidade de outra "baía dos porcos", visto que a horda de Bush já mostrou pouco caso às designações da ONU e Fidel deve estar morto (se não fisicamente, pelo menos politicamente).
O porém final é que o álcool também é poluente. Ele é menos perigoso para o efeito estufa do que os combustíveis fósseis, tem uma queima mais limpa mas ainda assim, como qualquer combustão, atira toneladas de dióxido de carbono na atmosfera. Além disso, uma queima mal feita mantém os riscos de chuva ácida e também afeta a respiração das pessoas. O álcool deve ser uma solução temporária para os automóveis, o que vai proporcionar um lucro muito menor do que tiveram os países árabes.
Se esta minha análise estiver equivocada, pelo menos seria uma boa possibilidade para os países terceiro-mundistas ressucitarem a sua antiga aliança (começada pelo mesmo Fidel) e tentarem bolar algum tipo de crescimento organizado. Cana se planta, e apenas nos países de clima quente (os sub-desenvolvidos). Isso pode significar uma reedição da OPEP, um foco de poder incorruptível pelas grandes potências, que pode fazer uma entre duas coisas: ou reverter a balança das injustiças históricas, ou trazer novas guerras. Aguardemos os próximos capítulos.
ETANOL E COISAS PARA PENSAR
Um exemplo bastante simples disso é a discussão ocorrida em ocasião da visita do presidente dos estados unidos ao Brasil. O assunto é o etanol que, nos esteites é feita através do beneficiamento do milho e aqui pela cana. O que mais se dizia era que os dois países eram os maiores produtores mundiais de etanol, sendo que o Brasil era o dono do primeiro posto. E não há viva alma que conteste que é importante que as coisas se mantenham assim, afinal, com a "criminalização" do petróleo, nada mais óbvio que o Brasil seja o novo Emirados Arabes, conseguindo diversos "etadólares" (ou, "etareais", diriam os mais empolgados).
Tenho alguns poréns nesta história, quase todos relacionados com a percepção de tempo de um quase historiador. O primeiro deles é resultado de uma pergunta que ninguém parece preocupado em responder: e quem é que vai ganhar com isso? Desde 1600 são os grandes fazendeiros que possuem as terras para plantar cana. Tu já viu uma cooperativa de plantadores de cana algum dia? Eu só vi bóias-frias, mão de obra miserável que vai continuar crescendo se a ONU fizer vista grossa (e os EUA aceitarem concorrência) com o aumento da produção de álcool. A lavoura de cana é muito mais excludente que a soja, por exemplo. Quem ganha é quem sempre ganhou com isso.
Outro porém é um pouco mais "conspiracionista", mas ainda assim, digno de nota, na minha interpretação. Embora muitos amigos já tenham me dito que é um exageiro, preciso lembrar que, antes do golpe de Fidel, os mais ricos membros da aristocracia cubana eram os fazendeiros de açúcar. Cuba e o Haiti eram os maiores concorrentes do açúcar brasileiro antes de se começar a plantar isso nas colônias portuguesas na África. O milho estadunidense não é tão rentável quanto a cana brasileira, o que me faz não descartar a possibilidade de outra "baía dos porcos", visto que a horda de Bush já mostrou pouco caso às designações da ONU e Fidel deve estar morto (se não fisicamente, pelo menos politicamente).
O porém final é que o álcool também é poluente. Ele é menos perigoso para o efeito estufa do que os combustíveis fósseis, tem uma queima mais limpa mas ainda assim, como qualquer combustão, atira toneladas de dióxido de carbono na atmosfera. Além disso, uma queima mal feita mantém os riscos de chuva ácida e também afeta a respiração das pessoas. O álcool deve ser uma solução temporária para os automóveis, o que vai proporcionar um lucro muito menor do que tiveram os países árabes.
Se esta minha análise estiver equivocada, pelo menos seria uma boa possibilidade para os países terceiro-mundistas ressucitarem a sua antiga aliança (começada pelo mesmo Fidel) e tentarem bolar algum tipo de crescimento organizado. Cana se planta, e apenas nos países de clima quente (os sub-desenvolvidos). Isso pode significar uma reedição da OPEP, um foco de poder incorruptível pelas grandes potências, que pode fazer uma entre duas coisas: ou reverter a balança das injustiças históricas, ou trazer novas guerras. Aguardemos os próximos capítulos.
ETANOL E COISAS PARA PENSAR