Acho que não escrevi isso ainda por aqui, mas tenho que admitir: tenho muitos problemas com jornalistas. Vou citar dois, que para mim são os piores. O primeiro deles diz respeito aos ditos "especialistas". Não foi nem uma nem duas vezes que vi esses dando entrevistas na televisão. Uma vez falavam, na Rede Bandeirantes, sobre a guerra no Iraque. Chamaram para depoimento um "especialista em armas" - tratava-se de um jornalista gordo, de barba e óculos. Pra mim, especialista em armas poderia ser um instrutor de tiro, um policial, ou mesmo um militar que tenha passado a vida inteira dando tiros. Uma coisa é ler manual e revistas, outra é utilizar algo, viver algo.
A segunda, e pior delas, é o oportunismo e a incoerência. Estou farto de ver por aí aquele discursinho de "profissionalização" do jornalismo. Só pode escrever em jornal aquele que é formado; programas nas rádios, televisão, tudo, só tendo passado quatro anos em uma instituição de ensino superior. Não que isso ocorra sempre, mas é o que, em geral, o jornalista quer (a não ser que ele mesmo não seja formado). Mas, ao mesmo tempo, chovem biografias de pessoas famosas, livros "históricos" sobre fatos marcantes escritos por jornalistas. Enfim, o historiador não precisa ser formado tanto quanto o jornalista?
Sinceramente, acho que não. Não existe o menor problema que os jornalistas escrevam biografias, ou mesmo livros de história. Isso até pode enriquecer as discussões acadêmicas. Mas eles precisam se dar conta de que eles não sabem a verdade - eles tem uma versão do fato, carregada de algum tipo de simpatia. Isso faz com que a maioria absoluta dos trabalhos escritos por jornalistas (biografias, na quase totalidade) seja, na verdade, quase uma hagiografia. Não existe nenhuma crítica, apenas uma apologia a vida da pessoa, como se ela fosse perfeita e todos os seus oponentes inimigos cruéis. Não existe contextualização, nem uma tentativa de criação de saber conjunto, que possa dialogar com outras biografias de outros contemporâneos. São textos fracos em si, baseados em uma série de documentos que, da mesma forma, não são criticados e nem examinados se são verdadeiros.
Mas a pior parte é que outros jornalistas chamam estes jornalistas "e historiadores" para dar palestras como "especialistas", comentar seus livros e tudo mais. Nestes momentos é que a coisa todoa fica mais patética: ao invés da discussão do texto, existe uma defesa ferrenha da sua obra, como se ela fosse a verdade nua e crua (como alguns jurássicos professores do jornalismo pensam que deve ser a notícia) e não um ponto de vista de alguém interessado no assunto que dispôs um pouco de seu tempo para ler coisas que a maioria não lê. Se entre os profissionais existem muitas teorias e debates (também cheios de conflitos de egos, é verdade), como é que entre os amadores isso vai ser tão hermético? E é nas mãos destas pessoas que a maioria acaba achando que "aprendeu" alguma coisa.
DESABAFO
A segunda, e pior delas, é o oportunismo e a incoerência. Estou farto de ver por aí aquele discursinho de "profissionalização" do jornalismo. Só pode escrever em jornal aquele que é formado; programas nas rádios, televisão, tudo, só tendo passado quatro anos em uma instituição de ensino superior. Não que isso ocorra sempre, mas é o que, em geral, o jornalista quer (a não ser que ele mesmo não seja formado). Mas, ao mesmo tempo, chovem biografias de pessoas famosas, livros "históricos" sobre fatos marcantes escritos por jornalistas. Enfim, o historiador não precisa ser formado tanto quanto o jornalista?
Sinceramente, acho que não. Não existe o menor problema que os jornalistas escrevam biografias, ou mesmo livros de história. Isso até pode enriquecer as discussões acadêmicas. Mas eles precisam se dar conta de que eles não sabem a verdade - eles tem uma versão do fato, carregada de algum tipo de simpatia. Isso faz com que a maioria absoluta dos trabalhos escritos por jornalistas (biografias, na quase totalidade) seja, na verdade, quase uma hagiografia. Não existe nenhuma crítica, apenas uma apologia a vida da pessoa, como se ela fosse perfeita e todos os seus oponentes inimigos cruéis. Não existe contextualização, nem uma tentativa de criação de saber conjunto, que possa dialogar com outras biografias de outros contemporâneos. São textos fracos em si, baseados em uma série de documentos que, da mesma forma, não são criticados e nem examinados se são verdadeiros.
Mas a pior parte é que outros jornalistas chamam estes jornalistas "e historiadores" para dar palestras como "especialistas", comentar seus livros e tudo mais. Nestes momentos é que a coisa todoa fica mais patética: ao invés da discussão do texto, existe uma defesa ferrenha da sua obra, como se ela fosse a verdade nua e crua (como alguns jurássicos professores do jornalismo pensam que deve ser a notícia) e não um ponto de vista de alguém interessado no assunto que dispôs um pouco de seu tempo para ler coisas que a maioria não lê. Se entre os profissionais existem muitas teorias e debates (também cheios de conflitos de egos, é verdade), como é que entre os amadores isso vai ser tão hermético? E é nas mãos destas pessoas que a maioria acaba achando que "aprendeu" alguma coisa.
DESABAFO
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