2007-06-03

Andei pensando, esses dias, que, talvez, um dia eu possa me candidatar ao legislativo federal. Não porque goste da vida luxuosa, ou porque queria entrar nessa onda de propinas e ilegalidade. Na verdade, acho que pensei isso porque também sou romântico, e penso que um deputado pode, através das leis, melhorar a vida da população que o elegeu, defendendo seus interesses frente a essa corja de poderosos que defende os bancos, a grande propriedade fundiária, a propriedade privada secular e eterna, etc. Essas coisas que só melhoram a vida de dez porcento da população brasileira, como se fossem as pessoas que realmente importam.

Eu tenho algumas medidas em mente, e acho que é melhor escrever por aqui para, em primeiro lugar, eventualmente discutir isso um pouco (nem que seja comigo mesmo) e, em segundo, para não esquecer delas, de seus detalhes. Vou colocá-las uma a uma, tentando ser o mais claro possível para mim e para o meu leitor eventual. Vou iniciar essa série com uma das minhas maiores preocupações, advinda do meu tempo de "proto-engenheiro": o relatório de impacto social para qualquer requerimento de patente ou registro de pessoa jurídica (inclusive para prestadores de serviço).

Todos os investimentos de grande monta, que exigem uma ocupação de um espaço que não é originalmente "programado" para uma empresa (como, por exemplo, uma hidrelétrica) precisa de um relatório de impacto social para ver quanto do eco-sistema pode ser alterado em função desta alteração. Por que não se pensa nisso quando uma alteração promovida pela tecnologia vai acabar com uma categoria profissional inteira, ou com vinte ou trinta vagas (um setor) de uma grande indústria? Para onde serão realocados esses profissionais? Serão treinados para uma nova função? Como não demitir, não fechar um posto de trabalho?

Essas preocupações devem ser levantadas pelo estado. As empresas querem sempre aumentar seus lucros e a mão de obra (juntamente com os tempos de produção) são cruciais para essa "cruzada". Elas querem diminuir os empregados e colocar máquinas mais rápidas e precisas (diminuindo o "retrabalho). O sonho do capitalista é um exército de máquinas controladas por um software. Mas onde colocar todas as pessoas dispensadas por esta inovação?

Alguém pode dizer que isso iria frear os investimentos em maquinário, deixar o produto brasileiro menos competitivo, fazer o país perder mercado. Não creio. Existem essas federações das indústrias para quê? Empregados de uma empresa podem ser totalmente absorvidos por outras que precisam desta mesma mão de obra. Pode-se criar outras organzações de empregados para que possam desenvolver tecnologia estrangeira dentro do Brasil. A economia interna pode ser aquecida principalmente se os detentores do dinheiro resolverem parar de guardá-los no banco e colocá-los diretamente em empresas. Isso não é desculpa. E, mesmo que fosse, ainda é irrisório em relação aos prejuízos sociais que algumas decisões das indústrias acarretam.

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