2006-10-21

A Manuela Dávila. Eu tenho minhas dúvidas quanto ao real comunismo dela, talvez por não conhecê-la, talvez por ter preconceitos demais para admitir que alguém que cursa jornalismo na PUCRS possa realmente ser de esquerda. Não votei nela justamente por isso. Mesmo assim, foi eleita como a deputada federal mais votada do RS, pelo PCdoB.

Venho aqui para defendê-la de uma injustiça que acho que estão fazendo. Os meios de comunicação do estado estão tentando, à todo pano, diminuir o impacto da votação da deputada, que humilhou outros políticos profissionais de larga carreira. O tom das reportagens é sempre o mesmo: supõe-se que ela tenha sido eleita pela sua "beleza e juventude". Ela é bem simpática (tem lá seus encantos), mas acho que não é o bastante para justificar todos os votos que recebeu. Teve um grande auxílio do partido dela, é verdade, mas tem muito mais méritos que desméritos: já é vereadora de Porto Alegre e participa há muito da Juventude Socialista, o que é, no mínimo, garantia de algum engajamento político. E isso resulta numa série de propostas que zelam pelos estudantes, em primeiro lugar, e por uma distribuição mais justa da renda.

Por outro lado, a mesma mídia não pára de aclamar seu soldadinho, Paulo Borges, que nunca nem mesmo pensou em ser político e foi eleito o deputado estadual mais votado, pelo PFL. Como ele mesmo diz, já foi de tudo antes de ser funcionário da RBSTV e transmitir a previsão do tempo. Não discuto o profissionalismo dele, nem mesmo os méritos de transformar um bloco de um jornal que começa às sete da manhã ser um momento esperado por um monte de trabalhadores. Nunca teve propostas (assim como ainda não tem), mas recebe sempre alguma citação do tipo "fenômeno da eleição" e correlatos. E ainda reportagens bônus, tentando mostrar que ele não foi eleito só porque aparecia todos os dias nas televisões gaúchas, mostrando uma série de "propostas" inúteis e esdrúxulas como justificativas para o número de votos recebidos.

Tratamentos diferentes para pessoas diferentes. Tira-se o mérito dela, inventa-se o mérito dele. É lógico quando se nota uma coisa: ele apoia Yeda Crusius (outra ex-funcionária do grupo RBS) e ela, o Olívio Dutra.

AINDA POLÍTICA