Às vezes eu acho que as palavras deviam gastar.

Existem termos que simplesmente perdem o real significado ao serem ditas muitas vezes. É o principal motivo, por exemplo, da banalização da palavra amor. Todo o mundo se ama, mas sem pensar no que isso realmente significa. Já ouvi pessoas que se conheceram em uma noite dizerem essa famosa tríade depois de dois ou três beijos. Crianças de quinze anos (sim, crianças) dizerem isso para seus "parceiros" depois de descobrirem que a língua participa do beijo. As atrizes e atores amam e desamam em uma velocidade incrível. Os sertanejos e pagodeiros, nem se fala. E roqueiros idem.

As palavras deviam ter cotas. Assim, devia-se pensar direito antes de dizê-las. Para poupar. Não poderíamos dizer merda toda a hora, nem poderíamos utilizar palavras de moda para não perder a utilidade. Por exemplo, o maldito "Fala sério". Isso seria bom de várias maneiras, pois faria as pessoas procurarem no dicionário novas maneiras de dizer velhas coisas. E teríamos um povo mais original.

Só o que eu queria é um estoque de "bah"s. Afinal, essa palavrinha tem mil e uma utilidades.

COTAS