2002-11-03

A vida na janela do trem.
Tudo passa rápido.
As pessoas são como estes postes.
Não tem nome.
Só passam.
A não ser aquelas que eu quero.
Só que elas também passam.
Eu quero que esse poste...
Já passou.
Estava me acostumando.
Queria sempre comigo.
Mas estamos a noventa por hora.
E nesse instante tenho que esquecer.
Não posso ainda olhar praquele poste.
Mesmo que eu queira.
Gire a cabeça.
Compre um binóculo.
Um aparelho de tv.
Se meu olhar ficar para trás não estarei mais na realidade.
Não serei mais vivo.
Estarei fora do trem.
Mesmo meu corpo aqui dentro.
Melhor mesmo é não olhar para fora.
Ou simplesmente fechar as cortinas.

VITALÍCIO E HEREDITÁRIO