2002-09-29

Terminei o A Ilha do Dia Anterior. Muito bom. Lembram daquele título de capítulo de que falei? O Exercícios Paradoxais de como Pensam as Pedras?. Pois é. Tenho umas pérolas para dividir:

"Mas será mesmo verdade que a pedra não sente nada mais do que a sua pedridão?"
"Zune a pedra em si mesm pedrante, e ignora o resto. É um mundo que munda sozinho."
"Sou uma pedra, sou uma pedra, dizia. E depois, para evitar até mesmo falar de si: pedra, pedra, pedra." (Roberto, pensando como uma pedra devia pensar)

E a melhor delas:

"Roberto perguntava-se agora se, no momento emque caía no vulcão, a pedra teria consciência da própria morte. Claro que não, porque jamais soubera o que queria dizer morrer. Mas, quando desaparecesse totalmente no magma, podia ter noção de sua morte? Não, porque não existia mais aquele composto individial pedra. Por outro lado, já ouvimos falar de algum homem que tenha percebido que estava morto? Se algo pensava a si mesmo, seria agora o magma: eu magmo, eu magmo, schluff, schlaff, eu fluo, fluesco, fluesço, fluido, plap ploff ulupp, eu transbordo, ebulo em bolhas ebulientes, começo afrigir, a ferver, escarrar, derramar, lmaçal. Slap. E ao imaginar-se magma, Roberto cuspilhava como um cão acometido de hidrofobia e procurava tirar borborigmos de suas vísceras. Estava quase a defecar. Não fora feito para ser magma, melhor voltar a pensar como pedra."

Esse é meu mestre.

ECO