2002-09-29

O problema está claro. É o pronome possessivo. O meu e minha, principalmente. E suas variantes plurais. Ele é uma espécie de veneno social. E não adianta você, bom professor de português dizer que eles são extremamente necessários para uma boa explicação. Negativo. Eles são é os grandes responsáveis pelos abusos da humanidade. Essas letrinhas inocentes são justificativas históricas para diversas atrocidades. Não acredita? Discuta então:

- Tu sente ciume do namorado(a) porque te referes a ele(a) como sendo teu.
- Os Hebreus querem a terra prometida porque a terra é deles.
- Os americanos querem invadir os países maus para manter a paz deles.
- Tu fica puto quando batem no teu carro.
- Tu te frustra quando teu filho vai mal na escola.
- Não suporta quando a tua opinião é desconsiderada.
- Detesta aquela pessoa porque ela não é do teu jeito.

Em suma: o problema em ter sempre esse pronome é a alocação do centro do universo no teu ser. O mundo egocêntrico. As atitudes umbiguistas. Os imediatismos urgentes e unguentes de uma sociedade que esquece dia após dia que são uma sociedade e que diabos isso significa. Um canibalismo de egos. Um círculo vicioso que mantém acesa a intolerância. A preocupação sai das raias do zelo e invade a zona do medo - de ser roubado, de ser atingido, estereotipado, enganado. Irracionalmente possessivos.

Se isso tudo não faz sentido para ti, para mim não é problema. Tange-me apenas tentar remover essas palavrinhas do vocabulário. Para enfim viver uma vida.

POSSESSIVISMO