2002-09-29

Fiquei traumatizado. Eu já falei que sou um romântico. Isso significa que eu vivo de passado. E que eu gosto do meu passado bem passado. Ou seja, não cru, não sangrando. Quase torrado, ou seja, mistificado, irreal. Idealizado. Faço isso com tudo o que já passou. Vivo minhas lembranças de maneira mais intensa que o hoje. Defeito? Pode ser. Eu não creio muito nisso. Eu quero escrever mesmo, e para escrever eu tenho que saber exatamente o que eu senti, o que eu pensei. Imaginar as combinações possíveis e ver todos os desfechos que mudariam a minha vida. Viver um romance de um personagem conhecido para meu futuro desconhecido.

Isso inclui o Chouriço. Eu tinha toda uma mística a respeito dele. Imaginava algo escatalógico. Algo bizzarro. Bisonho. Meio parecido com uma andarola. Com a lendária e misticíssima esperibimboca da parafuseta. O unicórnio nórdico. Com o grande pássaro Dodô. E fiquei sabendo, por intermédio da companheira de privadas Iara, que é apenas uma salsicha. Eine Würz, tedescamente falando. Um embutido. E não algo mitológico.

A noite se estendeu negra sobre minha cabeça. E tenho maisum final infeliz para um personagem infeliz.

ABALOS HISTÓRICOS