2002-09-25

A Fina vive falando em entes. E eu estava pensando neles. Na realidade era em mim. No meu ente. E vim até esse pensamento desviando das tortuosas linhas da minha personalidade. Eu sou um cara muito chato, quando eu quero. Isso quer dizer que eu sei ser cínico, ou melhor, que eu minto, quando não quero ser chato. Eu tenho muitos defeitos além desses. Ou seja, eu sou uma pessoa normal.

Mas eu não sou sempre assim. Quando eu entro na internet e mantenho diálogos via sinais visuais tipográficos, perco esses defeitos. Me torno alegre, descontraído, sincero. Algo como Dr Jekyll e Mr Hyde. Meu ente real e meu ente virtual - ou virtuoso, nesse caso.

Fiquei pensando. Será que os entes virtuais são alguma nova forma de vida dos entes reais? Um tipo "Eu 2.0 Plus"? Provavelmente alguma idealização da pessoa real, uma nova personalidade mais coerente e pseudo racional que a original. Alguma espécie de transgenia digital. Tiramos a parte do nosso dna psicológico que não nos agrada e substituímos por outra.

Pode ser uma boa teoria. Seria um bom motivo para termos gordos garanhões, tímidos conversadores e outras figurinhas que lotam os bytes dessa rede.

DO ENTE